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23 de Abril de 2024
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    Empresários brasileiros estão entre os mais corruptos, diz pesquisa

    há 15 anos

    O Brasil é um dos 22 países economicamente mais influentes do mundo. Apesar disso, está entre os seis países mais suscetíveis ao suborno nas transações comerciais internacionais. Esse é o resultado apresentado no estudo Bribe Payers Index ( BPI) 2008 (Índice de Pagadores de Suborno), divulgado hoje pela ONG Transparência Internacional. Com 7,4 de nota �"pontuação inferior à média mundial de 7,8 �" o Brasil ocupa o 17º lugar. Quanto maior a pontuação para o país, menor a probabilidade das empresas intervirem com suborno quando fazem negócios no exterior. O estudo ainda mostra que na América Latina 87% dos empresários acreditam que a ação dos governos na luta contra a corrupção é ineficaz, muito ineficaz ou não existe.

    O BPI 2008 classifica 22 países exportadores pela tendência das suas empresas subornarem no exterior. Estes países são responsáveis por cerca de 75% do total do investimento estrangeiro, isto é, importações e exportações de mercadorias em todo o mundo. No Brasil, 21% dos altos executivos entrevistados disseram que as empresas brasileiras tendem a subornar funcionários públicos para “acelerar as coisas”. Outros 18% acreditam que a corrupção afeta muito mais o alto escalão de políticos e partidos políticos e 19% afirmam que a corrupção mais comum é a utilização de amigos ou familiares nas relações públicas para ganhar contratos, o popular “tráfico de influência”.

    "O BPI fornece provas de que um grande número de empresas de países exportadores ainda utiliza subornos para ganhar negócios no exterior, apesar da consciência do impacto negativo sobre a reputação dos países", afirma o presidente da Transparência Internacional, Huguette Labelle. A corrupção e os subornos nas transações são complexos e envolvem tanto alguém que oferece um benefício, quanto alguém que o aceita para facilitar as operações de negócio. De acordo com a organização, a relação corrupta nas negociações empresariais entre os países cria uma desigualdade extrema em ambos os mercados e nas sociedades.

    Bélgica e Canadá dividem o primeiro lugar no BPI 2008, com um resultado de 8,8, índice que coloca as empresas belgas e canadenses como as menos suscetíveis de suborno estrangeiro. A Holanda e a Suíça compartilham o terceiro lugar no índice, cada um com uma pontuação de 8,7. No outro extremo está a Rússia, último classificado com uma pontuação de 5,9, logo abaixo dos outros cinco últimos países do índice: China (6,5), México (6,6), Índia (6,8) e Brasil, que divide o pódio com a Itália (7,4).

    Para os executivos latino-americanos (Argentina, Brasil, Chile e México), as empresas chinesas são vistas como as de mais provável aceitação de atividades de suborno quando fazem negócios, enquanto as empresas alemãs foram vistas como as menos propensas a participar de tais práticas.

    Nos países abordados, dois terços dos altos executivos das empresas disseram que os governos são ineficazes na luta contra a corrupção. Este resultado, segundo o estudo, mostra que os representantes da comunidade empresarial em muitos países não se sentem seguros com as atuais medidas dos governos contra o suborno e a corrupção.

    Os partidos políticos são considerados os mais afetados pela corrupção para

    empresários do Brasil, Argentina, Chile, República Checa, França, Alemanha, Hungria, Japão, Reino Unido e dos Estados Unidos. Entretanto, para os entrevistados em Gana, Índia, Malásia, México, Nigéria, Paquistão e África do Sul, a polícia é vista como a mais afetada. Já os entrevistados da Indonésia e da Coréia do Sul, o desafio mais grave é enfrentado junto aos membros do Parlamento e do Legislativo.

    Nos negócios em Cingapura, executivos classificaram os órgãos religiosos como os mais afetados pela corrupção, enquanto para os marroquinos o Poder Judiciário enfrenta o maior desafio. No levantamento mundial, os militares e as instituições religiosas foram vistas como menos corruptas.

    Setor mais corrupto

    Para fornecer uma imagem completa da forma como a corrupção afeta o setor privado, a Transparência Internacional tem utilizado os dados do PBI para criar duas novas classificações de determinados setores da indústria. A primeira é construída de acordo com o grau em que as empresas de cada setor são suscetíveis ao suborno de funcionários públicos. A segunda é formada a partir do grau em que essas mesmas empresas usam as contribuições a políticos e partidos políticos para atingir influência sobre as políticas governamentais, leis ou regulamentos �" um fenômeno conhecido como “captura do estado”.

    Estas classificações, ao contrário do BPI, não incidem especificamente sobre suborno estrangeiro. De acordo com a organização, a captação é definida como os esforços das empresas para modelar e influenciar as “regras do jogo” (legislação, regulamentos e decretos), por meio de pagamentos a funcionários públicos e privados. Esses pagamentos podem ser legais ou ilegais, mas criam uma distorção do quadro político do processo, com um impacto negativo sobre a economia e a sociedade.

    Em 2008, os altos executivos empresariais indicaram que as empreiteiras, construtores e as empresas dos setores do petróleo, gás, mineração, e imobiliário foram os de maior envolvimento em práticas de “captura do estado”. Por outro lado, os setores da agricultura, da pesca e de energia elétrica parecem ser os menos propensos a utilização da prática. Os setores mais limpos, em termos de suborno de funcionários públicos, foram os de tecnologia da informação, desenvolvimento rural, pesca, bancário e de finanças.

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